quinta-feira, 9 de julho de 2009

O uso do computador

O uso do computador é uma ferramenta muito importante para alunos com necessidades educacionais especiais:
"A metodologia de trabalho que apoia as atividades da ONG REDESPECIAL estáembasada na construção de ambientes digitais/virtuais construtivistas, que se fundamentamem teorias que dão suporte a essa construção. Neste sentido, utilizam-se esses ambientescomo um recurso para ampliar a comunicação, a linguagem, a autonomia e as trocas entresujeitos, na construção de conhecimento, visando o seu desenvolvimento nas dimensõescognitivas e sócio-afetivas. Portanto, considera-se o computador como uma ferramenta quepode potencializar a articulação de conhecimentos de áreas diversas e promover um trabalhocolaborativo. O papel do professor, ou de outros profissionais junto à PNEE, é demediador/facilitador visando o desenvolvimento cognitivo e social dos sujeitos através deatividades socialmente relevantes, que poderão propiciar novas descobertas (Passerino eSantarosa, 2002)."
Concordo plenamente, que o computador seja uma ferramenta colaborativa. Sempre lembro de um aluno que tive em 2004, se não me engano, que ao solicitar a escrita de palavras no caderno, não conseguia, já com o uso do computador acertava boa parte. Foi a partir deste exemplo que passei a usar o computador como uma ferramenta de apoio e auxílio no reforço da aprendizagem.
Saiu uma reportagem na revista Nova Escola, nº206, em Outubro de 2007, Inclusão, só com aprendizagem; esta num determinado trecho trata da importância dos recursos, que uma estrutura adequada é essencial para criar uma escola inclusiva.
Cita-se um exemplo de um aluno que que sofre com movimentos involuntários provocados por uma deficiência neuromotora que causa também o comprometimento da fala. além do suporte pedagógico, o aluno conta com um computador adaptado para executar as tarefas com mais autonomia, pois tem dificuldades nas atividades que exigem mais precisão, como escrever a lápis ou caneta.

Deficiência mental

Na história da deficiência mental, podemos ver que tudo o que fugia à compreensão do homem era considerado demoníaco, como o caso do menino selvagem, ou seja, do mau, e junto com essa denominação, caminhava a seu lado a desqualificação. Encontraríamos aí, na história da deficiência mental, a origem de muitos preconceitos com relação à deficiência mental. Apesar do conhecimento que já se tem a respeito e das crianças suspeitas de portarem tal limitação, muitas pessoas ainda a consideram uma doença. Podemos detectar esse preconceito através da observação das atitudes sociais frente a essas crianças. Esses indivíduos provocavam aversão e afastamento do meio social como se fossem portadoras de doença contagiosa pois "Aquilo que é diferente e desconhecido, é ameaçador. " Com relação à deficiência mental, já há estudos agora comprovantes que ela não é uma doença, mas sim uma condição.
Os portadores de deficiência mental sofrem a mesma problemática psicológica que os ditos "normais", agravada pela discriminação e rejeição social a que são submetidos. Porém, se lhes são dadas condições adequadas, mostram-se perfeitamente capazes de refletir sobre suas vidas e expressar seus sentimentos. Se houver tratamento adequado ao portador de deficiência mental, isot pode ser decisivo para seu crescimento emocional e existencial, através da ampliação de seu repertório de comportamentos adaptativos e da conscientização de seus limites, assim como do desenvolvimento dos meios de superar e/ou aceitá-los.O trabalho para com o deficiente, apesar das dificuldades emocionais, psicológicas, cognitivas,..., se constitui em desafios à nossa criatividade e habilidade profissional.

Sala de Aula Construtivista

Para a Epistemologia Genética a ação é promotora de aprendizagem. Piaget acreditava que a aprendizagem acontece a partir da ação do sujeito, sendo que essa ação pode ser física ou mental.
A teoria de Piaget é a mais conhecida concepção construtivista da formação da inteligência. O indivíduo constrói desde o nascimento o seu conhecimento. Piaget mostra que o indivíduo ao nascer, apesar da sua bagagem hereditária não consegue emitir a operação de pensamento; e o meio social não consegue ensinar a este recém-nascido nenhum conhecimento objetivo.
O sujeito humano é um ser a ser construído, o objeto, é também, um projeto a ser construído. Sujeito e objeto não têm existência prévia, eles se constituem pela interação. O sujeito age sobre o objeto, assimilando-o: esta ação assimiladora transforma o objeto. Essas transformações dos instrumentos de assimilação constituem a ação acomodadora.
Conforme cita Tânia Marques: “... quanto mais se constroem estruturas de assimilação mais se abrem possibilidades para aprender. Por outro lado, quanto mais se aprende, mais se constrói estruturas de assimilação, o que garante condições para novas assimilações. Nesse processo, percebe-se a síntese continuada entre as condições estruturais do sujeito (continuidade) e as condições do meio, físico ou social (novidade): "A assimilação funciona como um desafio sobre a acomodação a qual faz originar novas formas de organização "(BECKER, 2001, p. 20-1)."
Na visão construtivista, o aluno constrói representações por meio de sua interação com a realidade, as quais irão constituir seu conhecimento, processo insubstituível e incompatível com a idéia de que o conhecimento possa ser adquirido ou transmitido. "É a pessoa que constrói o seu próprio conhecimento", completa o psicólogo Fernando Becker.
O papel do professor, na abordagem construtivista, é facilitar a construção de significados por parte do aluno nas suas interpretações do mundo. Como professora, preciso criar situações desafiadoras para os alunos e juntos, possamos como diz Paulo Freire "recriar a vida", de forma a envolver a cultura popular, a história dos alunos ao conhecimento científico.
Já o aluno pergunta sobre tudo, pois tem acesso às informações: TV, rádio, mídia impressa, internet, CDs,... Hoje nossos alunos são os modelos pedagógicos relacionais, não são tabulas rasas. Assim, acredito que a construção do conhecimento do aluno em sua vida serve de base para continuar, portanto aprendizagem é construção, ação e tomada de consciência das ações.
Numa sala de aula construtivista para haver aprendizagem, o professor é tão aprendiz quanto os alunos, não funciona apenas cognitivamente, por isso é preciso ativar mais do que o intelecto. Conforme citação de Fernando Becker: "Construtivismo é uma concepção nova que se forma por uma convergência de grandes pensadores e que recebe uma configuração definitiva na Psicologia e na Epistemologia Genéticas de Piaget.”. Desta forma a teorização de Piaget tem o poder de unificar as duas grandes dimensões constitutivas do sujeito: a cognição e a emoção.

Desenvolvimento Moral

Com base na leitura do texto de Jaqueline Picetti em que faz os questionamentos “Será que as atitudes observadas e consideradas pelos os professores como violentas tem o mesmo significado para os alunos? As atitudes dos alunos não seriam características do processo de construção da moralidade? Quais as contribuições dos trabalhos pedagógicos em relação a essa problemática?”.
Muitas vezes reflito sobre o assunto, cada vez mais presentes em sala de aula, pois acredito que há alunos que agem desta forma como um pedido de socorro.

Os valores morais são construídos a partir da interação do sujeito com os diversos ambientes sociais e será durante a convivência diária, principalmente com o adulto, que ela irá construir seus valores, princípios e normas morais. Assim sendo, posso concluir que esse processo requer tempo. Para que estas interações aconteçam, há a ocorrência de processos de organização interna e adaptação e essa ocorre na interação dos processos de assimilação e acomodação.
Segundo Piaget, no aspecto moral a criança passa por uma fase pré-moral, caracterizada pela anomia, coincidindo com o "egocentrismo" infantil e que vai até, aproximadamente, cinco anos. Gradualmente, a criança vai entrando na fase da moral heterônoma e caminha gradualmente para a fase autônoma.
Na fase de anomia, natural na criança pequena, ainda no egocentrismo, não existem regras e normas. O bebê, por exemplo, quando está com fome, chora e quer ser alimentado na hora. As necessidades básicas determinam as normas de conduta. No indivíduo adulto, caracteriza-se por aquele que não respeita as leis, pessoas, normas.
Na medida em que a criança cresce, ela vai percebendo que o "mundo" tem suas regras. Ela descobre isso também nas brincadeiras com as crianças maiores, que são úteis para ajudá-la a entrar na fase de heteronomia.
Na moralidade heretônoma, os deveres são vistos como externos, impostos e não como obrigações elaboradas pela consciência. A responsabilidade pelos atos é avaliada de acordo com as conseqüências objetivas das ações e não pelas intenções. O indivíduo obedece às normas por medo da punição. Na ausência da autoridade ocorre a desordem, a indisciplina.
Na moralidade autônoma, o indivíduo adquire a consciência moral. Os deveres são cumpridos com consciência de sua necessidade e significação. Possui princípios éticos e morais. Na ausência da autoridade continua o mesmo. É responsável, autodisciplinado e justo. A responsabilidade pelos atos é proporcional à intenção e não apenas pelas conseqüências do ato.
O processo educativo deve conduzir a criança a sair de seu egocentrismo, natural nos primeiros anos, caracterizado pela anomia, e entrar gradualmente na heteronomia, encaminhando-se naturalmente para a sua própria autonomia moral e intelectual que é o objetivo final da educação moral. Esse processo de descentração conduz do egocentrismo (natural na criança pequena) caracterizado pela anomia, à autonomia moral e intelectual.
As atividades de cooperação, num ambiente de respeito mútuo, embasado na afetividade, preservam do egoísmo e do orgulho, auxiliando a criança no longo processo de descentração, conduzindo-a gradativamente da heteronomia para a autonomia moral. Um ambiente de medo, autoritarismo, respeito unilateral tende a perpetuar a heteronomia.
Do egocentrismo inicial a criança, gradualmente, vai "saindo" de si mesma, ampliando sua visão de mundo e percebendo que faz parte de um todo maior. Gradualmente, aprende a cooperar, a respeitar e a amar o próximo.