segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Psicogênese da Escrita

De acordo com teoria sobre o aprendizado da língua escrita, o erro do aluno revela seu processo de construção do conhecimento. Quando uma criança ou um adulto está aprendendo a ler e escrever, esse aprendizado é desenvolvido pela elaboração de hipóteses. O ca­minho que todos percorremos durante esse aprendizado foi definido como psicogênese, ou gênese (origem, geração) do conhecimento da escrita, pela teoria resultante do trabalho das pesquisadoras argenti­nas Emilia Ferreiro e Ana Teberosky em que a cons­trução da escrita se apoia em hipóteses espontâneas elaboradas pelo aprendiz. Essas hipóteses, baseadas em conhecimentos prévios, assimilações e generalizações das crianças, dependem de suas interações com os outros e com os usos da escrita e da leitura. Dessa maneira, ao ver um outdoor, por exemplo, a criança faz inferências e suposições a respeito da língua escrita. Pesquisadora do Ceale e pro­fessora aposentada da Faculdade de Educação da UFMG, Maria das Graças Bregunci, afirma: “a única coisa que não podemos dizer, e que é muito usual no discurso pedagógico, é que 'uma criança chega à escola sem conhecimento algum'. O que ela não possui, ainda, é o conhecimento valorizado e sistematizado pela cultura escolar.”

Planejamento X Metodologia Alfa e Beto





Programa de Alfabetização Alfa e Beto





Estamos neste semestre compreeendendo melhor que existem diferentes formas de planejar, mas que devemos de ter o cuidado ao realizá-lo pois dependemos de quais fatores são considerados.
O planejamento é feito para orientar o trabalho do professor e não(somente) para aspectos formais da escola.
Na escola que trabalho fora adotada uma metodologia que já traz um pré-planejamento, uma estrutura pronta, onde cabe ao professor reorganizar e aplicar as aulas, dentre as atividades dos livros e os testes.
A migração para o Programa de Alfabetização Alfa e Beto ocorreu por de processo de escolha, quando a Coordenadoria nos chamou para uma reunião em foram apresentados os programas Alfa e Beto, Instituto Ayrton Senna e Geempa. Sempre tive curiosidade pelo método fônico, mas não tinha amparo para fazer uso do mesmo em sala de aula. Feita a opção, iniciamos o ano letivo com cursos de capacitação para nos apropriarmos da metodologia, por sinal bastante complexa.
O programa tem uma proposta bem voltada à leitura e a escrita. Mas percebo que contempla atividades que vem dar amparo ao professor, fato que percebi quando realizei na escola um curso com a psicopedagoga. Percebi que muitos dos testes que a mesma exemplificou estavam em atividades diversas no livro de atividades do aluno. No entanto não é uma metodologia que se compare à projetos integradores, tem alguns aspectos que por vezes acho bem grosseiros, como textos que não tem nexo, mas a metodologia em si é eficiente, faz com que os alunos aprendam por meio dos sons.




Paulo Freire: a leitura do mundo e os temas geradores

O trabalho com temas geradores apresentado no vídeo “A construção da leitura e da escrita do adulto na perspectiva freireana” contempla muito bem a proposta pedagógica de temas geradores. Paulo Freire, em sua proposta, diz que é necessário reencantar as pessoas para que acreditem num mundo diferente.
A pedagogia freireana mostra a importância do diálogo e do contexto do processo educativo na realidade do aluno. Para Freire a construção de um mapa referencial se faz necessária, o que aprender é prioridade para que o educando compreenda a inserção do texto no seu contexto.
É necessária dar sentido à aprendizagem, conhecer as visões de mundo, as bases que o educando tem para trabalhar as diferentes linguagens. O professor precisa conhecer seu aluno para que compreenda estas visões de mundo.
Paulo Freire afirma que ninguém começa lendo a palavra, que primeiro lê-se o mundo para depois entender a leitura da palavra, ou seja, primeiro tem-se que entender o contexto em que se está inserido e a partir deste explorar a leitura da palavra.
Freire apresenta sua proposta pedagógica como um processo contínuo e permanente que serve para reaproveitar essa leitura de mundo, uma avaliação dialógica, ou seja, voltada ao diálogo.
Retrata a pedagogia do erro, bem como ressalta que para esta não se reprime o educando em função do erro. Este é um aspecto que tenho muito presente, pois temos que levar o educando a construir, pois se repreendido pelo erro pode reprimir-se e não ter estímulos para a reconstrução. Assim o professor auxilia para que o educando desenvolva a autonomia, bem como possibilita interagir em seu círculo de convivências, vencendo conflitos por meio de suas ações na busca da resposta.
É necessário que se tenha presente a aprendizagem como a reconstrução do saber, em que o foco está no interesse do educando, bem como é preciso levar em conta a vivência de mundo que o mesmo tem, pois o educando é o protagonista de sua aprendizagem, sempre num movimento de construção provisória, descentração e reconstrução.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Reflexões sobre a Surdez

Com base no Historicismo os surdos são narrados como deficientes, já sob uma História crítica são os “coitadinhos” que precisam de ajuda para se promover e se integrar e na visão da História cultural, os surdos são vistos como sujeitos com experiências visuais.
Vendo sob o ponto de vista cultural, o professor Itard, no filme "O menino selvagem" desenvolvia experiências visuais, no entanto mecanizadas e desinteressantes para o menino, assim como no filme “Seu nome é Jonas” em que se utilizando dos códigos fonéticos deveria aprender a se comunicar.
Itard fracassou com na aplicação da fonética, conseguiu apenas ensinar o som de algumas vogais, mas conseguiu a partir destas experiências desenvolver estudos das relações entre garganta, nariz, olhos e ouvidos, assim, criou a Otorrinolaringologia. O garoto sentia-se vazio, via os movimentos labiais, mas de forma alguma compreendia o que lhe repetiam, não havia sentido.
Acredito que Victor, o personagem do filme "O menino selvagem" também não fazia maiores relações, senão mecanizadas, das propostas apresentadas pelo professor Itard, pois não havia formas de comunicação claras entre ambos.

O menino selvagem

Na cena inicial que descreve uma camponesa colhendo bagas na floresta. Ouve um barulho nos arbustos e imagina um animal estranho, quando é um ser humano. Um menino que andava como um animal quadrúpede, subia nas árvores, comia o que encontrava na floresta, coçava a cabeça e o corpo como os animais, tinha um olhar vago, por isso despertou a curiosidade da camponesa que voltou com alguns homens e cães farejadores para encontrar este “animal”, para a surpresa de todos um menino selvagem que fora abandonado e esfaqueado pelos pais por ser anormal. Para Itard é uma criança que teve o infortúnio de sobreviver na floresta em isolamento total e, apenas como resultado desse isolamento, em que supunha ter sido abandonado por ser filho ilegítimo e por isso um estorvo.
Itard compreende que se trata de uma situação excepcional: um jovem privado de educação por ter vivido afastado dos indivíduos da sua espécie.
Quando diagnosticada sua surdez, o professor decide cuidar do mesmo e determinar o seu grau de inteligência, pois o menino era um objeto de curiosidade na sociedade, mas também sofria com a discriminação e a violência.
Na casa do professor Itard, a governanta recebe a criança com muito carinho, cuidando de suas necessidades físicas e afetivas. Dá um trato no menino, cortando-lhe as unhas, o cabelo, veste-o e, seguindo o conselho do professor, vai sempre falando com ele, mesmo que ele não a compreendesse era necessário falar-lhe o máximo possível. Já, Itard, dedica-se à tarefa de educação do menino e desenvolver estudos a partir de suas observações.
Dão-lhe o nome de Victor, ensinam-lhe tudo: colocar suas roupas, andar, comer usando prato e talheres, beber água no copo,..., enfim torná-lo civilizado.
Itard, afirmava que Victor podia ser treinado para ouvir palavras, assim desenvolveu o seu trabalho com o menino, por meio da memorização de objetos e palavras, como aconteceu no filme “Seu nome é Jonas”, em que buscavam memorizar os princípios fonéticos, o que não tinha significado algum para Jonas.
Entendo que Victor agia de forma mecanizada sem dar sentido às assimilações entre objetos e palavras, pois não consegue comunicar-se com as pessoas.
O professor incansável vai ampliando o grau de complexidade em suas atividade na tentativa de ensinar Victor, que por vezes saturado da repetição, recusava-se a continuar, então se jogava no chão, derrubava o que tinha em mãos, irritado como forma de não corresponder ao processo de aprendizagem. Assim o professor colocou-o de castigo, como forma de penalizá-lo por seu fracasso. No entanto, repensando sua atitude, Itard tira-o do castigo e o acalma, uma das poucas demonstrações de afeto do professor com Victor.
Conseguindo levar adiante suas experiências, Itard amplia o grau de dificuldade das atividades, mas sob meu ponto de vista não tem sucesso quanto ao processo de aprendizagem, pois são atividades mecanizadas, repetitivas que não contribuem para para o desenvolvimento e a comunicação de Victor, exceto pelo momento em que vão fazer a visita e o menino volta para buscar as letras que formavam a palavra leite, pois era algo de seu interesse, diferentemente dos demais objetos trabalhados nas tentativas de ensino e aprendizagem.

Pedagogia de Projetos

O trabalho por projetos traz aspectos positivos e desafiadores, pois propicia a articulação dos conhecimentos e beneficia a organização do ensino e da aprendizagem, em que diferentes caminhos determinarão a construção da aprendizagem.
Segundo John Dewey, a aprendizagem por projetos favorece a criação de estratégias de organização dos conhecimentos escolares em relação ao tratamento da informação, a relação entre os diferentes conteúdos em torno de problemas ou hipóteses que facilitam aos alunos a construção de seus conhecimentos, a transformação da informação consequente dos diferentes saberes disciplinares em conhecimento próprio.
Vejo que no trabalho por projetos há preocupação com o educando num todo, onde se considera o crescimento físico, emocional e intelectual, pois muitas vezes o físico e o emocional são ignorados porque o olhar está unicamente voltado à cognição.
A globalização que se percebe nos projetos, mostra que é necessária uma estrutura aberta e flexível com relação aos conteúdos escolares. Desta forma, a escola tem o desafio de proporcionar práticas conjuntas e promover situações de cooperação, em vez de lidar com as crianças de forma isolada.
John Dewey traz uma ideia que sempre considerei muito:

“Não há separação entre vida e educação, esta deve preparar para a vida, promovendo seu constante desenvolvimento, pois as crianças não estão, num dado momento, sendo preparadas para a vida e, em outro, vivendo". Então, qual é a diferença entre preparar para a vida e para passar de ano? Como educar alunos que têm realidades tão diferentes entre si e que, provavelmente, terão também futuros tão distintos?”

É realmente para se pensar, bem como é um aspecto que tenho presente em minhas concepções docentes. Nossos alunos são seres únicos.