quinta-feira, 9 de julho de 2009

Desenvolvimento Moral

Com base na leitura do texto de Jaqueline Picetti em que faz os questionamentos “Será que as atitudes observadas e consideradas pelos os professores como violentas tem o mesmo significado para os alunos? As atitudes dos alunos não seriam características do processo de construção da moralidade? Quais as contribuições dos trabalhos pedagógicos em relação a essa problemática?”.
Muitas vezes reflito sobre o assunto, cada vez mais presentes em sala de aula, pois acredito que há alunos que agem desta forma como um pedido de socorro.

Os valores morais são construídos a partir da interação do sujeito com os diversos ambientes sociais e será durante a convivência diária, principalmente com o adulto, que ela irá construir seus valores, princípios e normas morais. Assim sendo, posso concluir que esse processo requer tempo. Para que estas interações aconteçam, há a ocorrência de processos de organização interna e adaptação e essa ocorre na interação dos processos de assimilação e acomodação.
Segundo Piaget, no aspecto moral a criança passa por uma fase pré-moral, caracterizada pela anomia, coincidindo com o "egocentrismo" infantil e que vai até, aproximadamente, cinco anos. Gradualmente, a criança vai entrando na fase da moral heterônoma e caminha gradualmente para a fase autônoma.
Na fase de anomia, natural na criança pequena, ainda no egocentrismo, não existem regras e normas. O bebê, por exemplo, quando está com fome, chora e quer ser alimentado na hora. As necessidades básicas determinam as normas de conduta. No indivíduo adulto, caracteriza-se por aquele que não respeita as leis, pessoas, normas.
Na medida em que a criança cresce, ela vai percebendo que o "mundo" tem suas regras. Ela descobre isso também nas brincadeiras com as crianças maiores, que são úteis para ajudá-la a entrar na fase de heteronomia.
Na moralidade heretônoma, os deveres são vistos como externos, impostos e não como obrigações elaboradas pela consciência. A responsabilidade pelos atos é avaliada de acordo com as conseqüências objetivas das ações e não pelas intenções. O indivíduo obedece às normas por medo da punição. Na ausência da autoridade ocorre a desordem, a indisciplina.
Na moralidade autônoma, o indivíduo adquire a consciência moral. Os deveres são cumpridos com consciência de sua necessidade e significação. Possui princípios éticos e morais. Na ausência da autoridade continua o mesmo. É responsável, autodisciplinado e justo. A responsabilidade pelos atos é proporcional à intenção e não apenas pelas conseqüências do ato.
O processo educativo deve conduzir a criança a sair de seu egocentrismo, natural nos primeiros anos, caracterizado pela anomia, e entrar gradualmente na heteronomia, encaminhando-se naturalmente para a sua própria autonomia moral e intelectual que é o objetivo final da educação moral. Esse processo de descentração conduz do egocentrismo (natural na criança pequena) caracterizado pela anomia, à autonomia moral e intelectual.
As atividades de cooperação, num ambiente de respeito mútuo, embasado na afetividade, preservam do egoísmo e do orgulho, auxiliando a criança no longo processo de descentração, conduzindo-a gradativamente da heteronomia para a autonomia moral. Um ambiente de medo, autoritarismo, respeito unilateral tende a perpetuar a heteronomia.
Do egocentrismo inicial a criança, gradualmente, vai "saindo" de si mesma, ampliando sua visão de mundo e percebendo que faz parte de um todo maior. Gradualmente, aprende a cooperar, a respeitar e a amar o próximo.

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