sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Eixo 9 - TCC - O CONTEXTO DA PRÁTICA DE ESTÁGIO

Pensar o contexto da prática pedagógica diante de diferentes arquiteturas pedagógicas em que se desestabilizam arquiteturas pedagógicas normalmente usadas, desacomodando o professor para buscar meios para trabalhar com diferentes arquiteturas pedagógicas fora um grande desafio. Assim apresentam-se características percebidas na aplicação de cada arquitetura pedagógica em sala de aula no período de estágio supervisionado.

A metodologia do Programa de Alfabetização Alfa e Beto tem uma sequência muito parecida em todas as aulas. É uma metodologia eficaz para alfabetização, pois ensina a decodificação utilizando-se do método fônico em que o aluno faz correspondências entre letras e sons, decodificando e assim, descobrindo o princípio alfabético e, progressivamente, alfabetizar-se-á.

Já a aprendizagem por projetos é desenvolvida a partir de um tema, que pode ser escolhido pela professora ou pela turma. Com base numa proposta construtivista, traz atividades práticas que despertam grande interesse da turma.

Aprendizagem por projetos requer um norte, um rumo a seguir. É preciso direcionar, pois conforme o tema a turma pode não conseguir apresentar elementos suficientes para a estruturação.

A globalização que se percebe nos projetos mostra que é necessária uma estrutura aberta e flexível com relação aos conteúdos. A Aprendizagem por Projetos é possível, pois esta visa ensinar o aluno a aprender, a buscar a significação, a estrutura, o tema que liga as informações e que permite aprender.

Assim percebe-se que os objetivos se identificam na articulação e orientação dos conhecimentos de forma a organizar o projeto que auxiliará na aprendizagem. Portanto é uma arquitetura muito agradável, que desperta o interesse dos alunos, bem como é muito rica, pois abre um leque para exploração fabuloso para o desenvolvimento de atividades pedagógicas e jogos construídos para apoiar o trabalho, pois os alunos tem grande necessidade de brincar, e, trabalhar com elementos da realidade dos alunos lhes desperta mais interesse.

Com certeza a arquitetura desenvolvida que teve maior impacto sobre a aprendizagem e trouxe muitos desafios marcando a inovação pedagógica.

O projeto de aprendizagem estruturou-se a partir de uma pergunta escolhida pela turma, ou seja, a questão de investigação para a qual os alunos devem ter conhecimentos prévios.

É necessário que o aluno tenha interesse pela questão de investigação e seja incentivado pelo professor para participar do processo investigativo. Nesse processo o professor age como o mediador na construção do conhecimento, pois a cada etapa de pesquisa e certificação o professor negocia o uso adequado e acessível da linguagem, bem como auxilia os alunos no processo de entendimento dos conceitos, dando significado ao projeto de aprendizagem.

A interação, o diálogo e a troca são importantes requisitos na tomada de decisões para prosseguir na construção do projeto de aprendizagens. As relações na turma foram muito positivas, onde sempre se buscou chegar a um consenso, com respeito à opinião, cumplicidade e cooperação na estruturação do processo.

O crescimento ocorre tanto no grupo, bem como para cada criança, onde o envolvimento proporciona um posicionamento frente ao projeto em questão. Desta forma há avanço no domínio do assunto e na estruturação das etapas, como também se incrementa com o uso das tecnologias para crescer a partir da interação dos alunos e do professor.

As mudanças que abarcam a metodologia do projeto de aprendizagens são complexas na prática, pois trazem transformações pedagógicas, metodológicas e ideológicas. Estas mudanças não são fáceis, nem rápidas. Afinal, muda-se a base teórica e visa-se compreender e praticar ações baseadas na organização social descentralizada, ou seja, no trabalho coletivo e na autonomia. Questionar para desestabilizar, para provocar discussões, reflexões, análises e críticas passa a ser entendido, também, como essencial para preparar o que chamamos de cidadão.

Cabe, então, ao professor o desafio de que cidadão ele quer que seu aluno seja. Desta forma é preciso buscar meios para formar alunos independentes e autônomos.

Os desenvolvimentos da autonomia e da cidadania ocorrem no dia-a-dia, daí a importância do estímulo e do desafio para a construção da aprendizagem, pois é durante o processo de construção da aprendizagem que se favorece o desenvolvimento das mesmas.

Dentre as arquiteturas pedagógicas desenvolvidas no estágio, diferentes características em favor da construção do conhecimento pelo aluno foram contempladas. No entanto trabalhando com três arquiteturas pedagógicas paralelamente pode-se perceber que há muita diferença do tempo em que se transmitia informações para os alunos, como na arquitetura pedagógica do Programa de Alfabetização Alfa e Beto, pois é uma metodologia mais tradicional.

Já na arquitetura pedagógica de aprendizagem por projetos auxilia-se o aluno a aprender a aprender, pois o desenvolvimento do mesmo dependerá de como for estimulado, desafiado para aprender.

Hoje se inova com arquiteturas pedagógicas em que se constroi o conhecimento, em que o aluno é ativo e traz ideias próprias, ou seja, os conhecimentos prévios, porque se aprende desde o nascimento. Desta forma se entende que se foi o tempo em que os alunos ficavam quietos, copiando e respondendo.

Trazendo uma metodologia construtivista, a arquitetura pedagógica de projetos de aprendizagens em que é preciso educar os alunos para que se habituem a questionar e assim desenvolver o senso crítico. Portanto o professor age como mediador da aprendizagem: quando desafia o aluno a resolver situações problema, bem como o auxilia na conquista e na superação das dificuldades.

As arquiteturas pedagógicas vivenciadas no período de estágio e analisadas para este trabalho tem seus méritos, escolher uma não é o objetivo por acreditar que se deve aproveitar o que cada uma oferece para a construção da aprendizagem. Resumidamente:

• O programa de alfabetização Alfa e Beto favorece a alfabetização pelo método fônico.

• A aprendizagem por projetos em que se trabalha por temas.

• O projeto de aprendizagem é uma arquitetura que vem de encontro ao interesse do aluno.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Aprendizagens no oitavo semestre

Este semestre fora muito atribulado. Trouxe grandes desafios: trabalhar quarenta e quatro horas semanais, estruturar o estágio num todo, desenvolver diferentes arquiteturas pedagógicas paralelamente: Programa de Alfabetização X Aprendizagem por Projetos X Projeto de Aprendizagem. A reflexão a partir das atividades propostas, os registros das aprendizagens no portfólio, bem como a importância das concepções teóricas para nortear as práticas pedagógicas. Eis que foram grandes desafios.

A estruturação dos princípios orientadores para a prática pedagógica com vistas às concepções construtivistas que levam o aluno a pensar criticamente: Paulo Freire, Piaget e John Dewey e Comênio.

No decorrer do estágio a leitura de diversos textos para estruturar as reflexões foi necessária. No entanto surgiu a dúvida com relação à aprendizagem por projetos e projetos de aprendizagem, os quais eram entendidos com concepções diferentes, mas que em determinados artigos deixaram dúvidas, pois os autores ora mencionavam projeto de aprendizagem, ora mencionavam aprendizagem por projetos.

Portanto fala-se de duas arquiteturas pedagógicas diferentes. Ambas as propostas tem visão construtivista, a diferença fundamental é que na aprendizagem por projetos geralmente é realizada a partir de um tema, que pode ser escolhido pela professora e pelo grupo. Um exemplo foi a proposta de trabalho desenvolvida sobre a leitura e a escrita, em que direcionei aos contos de fada. Já o projeto de aprendizagem estrutura-se a partir de uma pergunta escolhida pela turma, ou seja, a questão de investigação.

O desenvolvimento do projeto de aprendizagem necessitou de recursos diversos, bem como o uso das tecnologias digitais e mídias foram de grande valia para a estruturação do mesmo. Muitas vezes enfrentam-se dificuldades no uso das tecnologias, mas com as crianças é diferente, pois tem sede de aprender. Sem contar que há curiosidade em aprender, conhecer e tem facilidades neste aprendizado, pois é do interesse dos educandos.

O problema é que as tecnologias em grande parte, não estão incorporadas às práticas pedagógicas, pois falta a capacitação de profissionais para que se possa ampliar as possibilidades de expressão dos aprendizes e permitir que a sala de aula torne-se um espaço para conhecimento das tecnologias digitais.

Com certeza a arquitetura desenvolvida que teve maior impacto sobre a aprendizagem e trouxe muitos desafios e que marcou maior inovação pedagógica na sala de aula fora o desenvolvimento do Projeto de Aprendizagem.

O desenvolvimento de arquiteturas pedagógicas em que se estruturam e se desenvolvem ações pertinentes em sala de aula para a construção do conhecimento, diferentemente de transmitir informações, mas sim de buscar junto ao aluno as informações e articulá-las com a estrutura cognitiva a partir dos conhecimentos prévios dos alunos vem de encontro aos seus interesses e assim construir aprendizagens significativas.

É necessário que o aluno tenha interesse pela questão de investigação e o professor seja o mediador nesta construção, pois na etapa de pesquisa e certificação o professor negocia o uso adequado e acessível da linguagem, bem como auxilia os alunos no processo de entendimento dos conceitos, dando significado ao projeto de aprendizagem.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

O estudo de Libras no Eixo VII

O estudo de Libras permitiu-me ver que os surdos conceituam o mundo e assim o compreendem e interpretam. O valor da língua de sinais para as crianças surdas, tanto para a aquisição de uma língua compatível com as necessidades de comunicação, como para o desenvolvimento de habilidades é fundamental.

Já algumas escolas utilizam um ensino estruturado por ouvintes, não respeitando a cultura, língua e identidade das pessoas surdas, diferentemente de outras que privilegiam possibilidades de mudanças nas propostas de ensino, buscando professores surdos para melhor atender as necessidades educacionais dos alunos surdos.

Por vezes a comunicação pode ser o diferencial na educação, como na realidade surda em que é possível uma comunicação por sinais, a Língua de Libras, bastante complexa, bem como discordo da citação: “Muitas pessoas pensam que as línguas de sinais são um sistema de comunicação superficial, com conteúdo restrito, sendo estética, expressiva e linguisticamente inferior ao sistema de comunicação oral.” (QUADROS & KARNOPP, 2004), pois é necessário repensar o nosso olhar sobre o surdo, pois este é um cidadão como qualquer um de nós, capaz, pensante e ativo. Segundo PERLIN, 1998:

“Ser surdo é pertencer a um mundo de experiência visual e não auditiva. Viver uma experiência visual é ter a Língua de Sinais, a língua visual, pertencente à outra cultura, a cultura visual e lingüística. A identidade surda se constrói dentro de uma cultura visual muito complexa, no entanto essa diferença precisa ser entendida não como uma construção isolada, mas como construção multicultural.”

Faço uso das palavras de Paulo Freire: “A educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tão pouco a sociedade muda, pois não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão. Desta forma é fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática.”

Reflexão sobre as Aprendizagens do Eixo VII

A realidade da educação é um grande desafio.

Se bem pensamos que é difícil no ensino fundamental, na EJA, muito mais, pois para um jovem ou adulto que já desistiu uma vez, não é difícil desistir a segunda, principalmente não havendo uma sintonia entre o educando, o professor e a escola.

O aluno desiste, sentindo-se acuado e com medo de fracassar opta por desistir. Outro fator é a questão da linguagem, pois para um aluno que já tem dificuldades em se expressar, em compreender as explicações do professor, quando cobrado com uma linguagem diferente da sua não compreende. Cabe ao professor fazer uso de vocabulário simples e claro que possibilite ao aluno da EJA o entendimento para a apropriação do conhecimento.

Conforme Freire e Giroux, no sentido de despertar adultos críticos, que vão muito além da leitura da palavra, mas sim da leitura de mundo na qual Freire tanto falava e que neste sentido os professores façam de seu ensino um “ato relacional”, onde ambos respeitem a história de cada um e que ambos sejam atores ativos de seus próprios mundos, unindo práticas alfabetizadoras entre a leitura do mundo e a leitura da palavra, tomando o diálogo igualitário como fator imprescindível no rompimento de muros antidialógicos. Assim sendo, eu pensava que ser amiga de meus alunos poderia prejudicar o andamento da turma, no entanto hoje vejo que desta forma os alunos não desistiram.

Na EJA há fatores que diferem os alunos em função de contextos sociais e culturais nos quais os alunos estão inseridos, onde acredito que há influência de fatores psicológicos, sociais e econômicos.

Na EJA, cada aluno é um foco de competência, pois dentro de suas aptidões e/ou limitações consegue avançar, claro que são fatores bem complexos quando há grande diversidade nesta turma: alunos jovens, alunos adultos, alunos idosos, alunos analfabetos, alunos com facilidades na aprendizagem, alunos com extremas dificuldades de aprendizagem. No entanto cabe ao professor compreender e atender a cada um, superando as barreiras e construindo junto aos alunos habilidades necessárias para a próxima série.

Outro aspecto importante que ressalto no sétimo semestre foram as representações de leitura, escrita e oralidade, que construídas a partir de práticas culturais e estruturas sociais enquadram-se com as demandas e necessidades da escola. As relações entre a fala e a escrita exigem que se coloque a leitura entre a escrita e a fala, de modo que, abordar uma, sem considerar a outra, apresenta-se para nós, como uma tarefa que não conseguiríamos levar adiante, pois a leitura é uma atividade mental mediadora dessa relação.

No entanto, alfabetização deve ser pensada como um processo que vai muito além de técnicas de transcrição da linguagem oral para a linguagem escrita. Não basta apenas codificar e decodificar signos: é preciso letrar; pensar na perspectiva de alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de forma que a criança ou o adulto possa se tornar ao mesmo tempo alfabetizado e letrado.

Assim pensando o planejamento é um elemento facilitador no processo ensino aprendizagem, no qual o professor estrutura elementos para ensinar e aprender, bem como suscitará em elaborar, vivenciar e acompanhar a aprendizagem dos alunos contribuindo para a formação de cidadãos, buscando refletir:

• O que os alunos já sabem

• o que é significativo que aprendam

• as expectativas de aprendizagem apresentadas

• o que precisam aprender

• se a metodologia usada é adequada para a aprendizagem

• se há equilíbrio na avaliação

• se ao avaliar o aluno o professor considera na sua totalidade

Tendo em vista uma aprendizagem significativa, o professor assume o papel de orientador no processo de avaliação, em que deve criar condições para que o aluno analisar seu contexto e produzir cultura num processo participativo com diálogo e cooperação. O professor deve ser facilitador da aprendizagem, não um transmissor de conhecimentos, precisa criar condições para que o aluno aprenda.

O professor deve criar suas próprias estratégias de ensino e usar de sua capacidade e criatividade para a avaliação, é importante ter um estilo próprio para facilitar a aprendizagem dos alunos contribuindo para o sucesso no processo de avaliação.

É preciso mediar e compreender um processo educativo, pois acredito que acontece por meio da ação-reflexão na busca constante do conhecimento.