quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Teses, argumentos e reflexões

Com base nas teses estudadas e refletidas em meus argumentos pude condensar e sintetizar as mesmas de forma repensar e complementar os argumentos de acordo com os comentários das colegas revisoras. Na contra-argumentação muito pouco acrescentei, de acordo com os comentários recebidos. Já no posicionamento final procurei complementar e aperfeiçoar meus argumentos.
O trabalho com Projetos de Aprendizagem configura uma situação aberta,desestabilizadora, em que os caminhos e resultados não são pré-determinados e nem conhecidos de antemão pelos docentes. Nesta prática, os alunos, reunidos empequenos grupos formados por interesses comuns em torno de um fenômenoque querem entender, levantam questões de investigação; buscam, organizam ecomparam informações; elaboram e publicam seus achados, socializando tantoo processo desenvolvido, quanto os resultados alcançados, na medida em que otrabalho se desenvolve.
O desenvolvimento do projeto de aprendizagem se dá por meio de vários elementos constitutivos. Inicialmente é necessária a definição da questão de investigação, norteadora do projeto. Esta deve ser autêntica para o grupo, deve emergir de curiosidades próprias.
A questão de investigação inicial pode ser refinada à medida que levantamos as certezas e as dúvidas, bem como no desenvolvimento de um PA podem surgir novas certezas e novas dúvidas cuja incorporação ao projeto deve ser analisada.
As dúvidas temporárias e as certezas provisórias são conhecimentos prévios relacionados com a questão de investigação e devem oferecer suporte à busca por uma resposta. Buscar esclarecimento para as dúvidas, comprovação ou refutação para as certezas e com isso construir uma resposta a partir de uma articulação entre esses saberes para que se possa chegar a um denominador comum eficaz e com qualidade, gerando assim idéias inovadoras que levem o projeto adiante pode trazer mais incertezas e balançar ainda mais as certezas e dúvidas num movimento complexo de apropriação do conhecimento.
Para responder uma questão de investigação é importante que se utilize diferentes fontes de informação, tais como: textos, coleta de dados, observação de fenômenos, simulações, bem como os registros devem ser coerentes com o tema e sintetizados. Podem-se utilizar recursos diversificados: vídeos, entrevistas, fotos, enquetes.
A construção de mapas conceituais, no início e durante o desenvolvimento de um PA apoia a organização do conhecimento sobre a questão de investigação, evidenciando os conceitos e suas relações, dando suporte à elaboração de uma resposta, pois o mapa conceitual sintetiza, relaciona e evidencia as nossas construções durante o processo de certificação de certezas e dúvidas, bem como nos dá uma visão do todo.
A síntese de desenvolvimento do PA mostra as ideias principais, os caminhos e estratégias utilizadas pelo grupo na construção das aprendizagens. Buscamos contemplar várias informações interessantes, mesclamos o movimento do grupo para chegar à resposta. A síntese traz as informações que ajudam a responder a pergunta e também o caminho que nos permitiu chegar à resposta bem como os movimentos que foram feitos para esclarecer a questão. Falar das dificuldades e conquistas faz parte do PA, pois o torna mais pessoal, aparece um pouco do grupo e da riqueza construída.
Já o plano de trabalho é uma forma de planejamento do tempo e das atividades a serem realizadas para orientar as atividades do grupo. Durante o processo, este plano pode ser revisado para refletir as modificações originadas pelas descobertas do grupo e orientar melhor o planejamento. O trabalho em grupo exige muita cooperação para que se chegue a um consenso.
Diferente da pesquisa escolar, em um PA não interessa que o aluno apenas encontre informações, é preciso que ele aprenda a selecionar informações, analisar essas informações e com elas fazer síntese para construção da resposta à sua questão de investigação. Na busca por respostas para a questão, o estudante precisa trabalhar conhecimento de várias áreas do saber, caracterizando o PA como uma abordagem interdisciplinar.
Buscar respostas para uma questão de interesse da turma vem mostrar que o aluno envolve-se com a aprendizagem que de fato lhe interessa, desta forma será mais atencioso, bem como irá colaborar para ordem e disciplina em sala de aula. A disciplina não é sinônimo de silêncio e o envolvimento dos alunos no desenvolvimento do PA desviará o foco de questões de indisciplina. O movimento e o debate mostrarão que se desenvolve a inteligência e que se constroem novos conhecimentos em situações de confronto, de descentração de pontos de vista, em que deve haver cooperação para a consolidação das ideias para atingir os objetivos do PA.

EJA ainda é um desafio

A realidade da educação de jovens e adultos no sistema educacional brasileiro ainda é um grande desafio, assim como o texto de Regina Hara que significativamente nos traz ideias fundamentais:
“Os desafios enfrentados pelos educadores na EJA: em ensinar, em lidar com a motivação dos estudantes, em conseguir desenvolver a conscientização dos alunos e, até mesmo, a questão da evasão escolar. Muitos destes desafios são originados por fatores de ordem social, pela estrutura social que vivemos: sociedade excludente, que marginaliza, por questões culturais, mas também, pela falta de formação específica para os professores nesta realidade.
Aproveitar as vivências destes alunos para promover o processo educativo, conforme Regina Hara isso fica evidente, principalmente, quando enfatiza a percepção de Paulo Freire para o desenvolvimento das aulas. Precisamos, como educadores, resgatar a experiência de vida, de trabalho, das relações sociais acumuladas e as hipóteses dos sujeitos a respeito da escolarização. Trabalhar desta forma significa a educação e a aproxima da própria realidade contribuindo com a conscientização dos sujeitos e com o desenvolvimento de uma democratização social.É necessário compreender as expectativas dos alunos com relação à escola para saber se esta escola, de fato, está inserida e contribuindo para a vida destes alunos. A EJA não só beneficia a formação dos sujeitos jovens e adultos como também incide sobre o próprio processo de construção de conhecimento das crianças. Isso porque contribui com a qualificação da formação destes sujeitos jovens e adultos que, certamente, promoverão em suas casas um espaço letrado e de uso social da leitura e da escrita.
A construção das hipóteses da escrita das crianças, jovens e adultos é semelhante, como destaca o texto de Regina Hara, a partir de estudos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky, que assim como Freire, compreendem o sujeito como ser de saberes e construtor de seu conhecimento, bem como na grande maioria fazem compreensão da escrita da escola e por isso também criam hipóteses sobre a mesma.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Reflexões sobre a Surdez

A relação entre o mundo ouvinte e o mundo surdo pode ser bem complicada, como é mostrado no filme "Seu nome é Jonas", quando não há uma comunicação em comum e a criança cresce num mundo que não pode compreender devido a surdez. Jonas começa a vibrar com a descoberta dos sinais em relação a tudo em sua volta: árvores, objetos, pessoas e principalmente o desejado cachorro quente. Neste momento passa a compartilhar com outras pessoas as suas "descobertas", e pôde entender na morte da tartaruga, a morte do avô, em que ausência de compreensão de conceitos lhe faltava.
Sabemos que mesmo após tantos anos não mudaram os preconceitos e muitas dificuldades vem de encontro às pessoas surdas, as quais ouvem com os olhos.
A cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim de torná-lo acessível e habitável ajustando-o com as suas percepções visuais, que contribuem para a definição das identidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as idéias, as crenças, os costumes e os hábitos de povo surdo. Bem sabemos, nós, que não há língua sem cultura e que a mesma se define a partir de uma etnia, de seus hábitos e de suas identidades, então imaginemos um mundo de silêncio, como buscar comunicação sem um apoio e orientação adequados?

Filme “Seu nome é Jonas”

A partir do filme "Seu nome é Jonas" podemos conhecer melhor a cultura surda. O filme mostrou claramente como a sociedade tem dificuldade em lidar com o diferente, pois o diferente sempre nos incomoda e assusta, pois exige mudanças de comportamento e hábitos para nos adaptarmos.
Jonas inicialmente internado em um hospital, dado como retardado, após três anos retorna para casa, quando finalmente é diagnosticada sua surdez. No entanto neste retorno mexe com a família começa a sentir o estigma da surdez que recai sobre todos os membros da família que procura se adaptar e reestruturar diante desta condição da surdez.
Esta adaptação quando não é bem assimilada pelos pais é difícil, não há aceitação, como o fato de ter um filho com necessidades especiais. Eis que entra a questão do preconceito, como no caso do pai de Jonas que abandonou a família. Também percebemos que este é um dos muitos sentimentos que dificultam esta aceitação, como no filme ficou evidente na frase: _ “Eu não queria que ele fosse surdo; não queria que ele fosse diferente". O pai não conseguia ver no filho um ser humano com potencialidades como qualquer outra criança, bem como era desta forma que a sociedade via o menino.
Já a mãe sempre buscando por respostas, entendeu a importância de trocar os papéis quando não compreendia Jonas. Quando Jonas bate na mãe porque ela não o compreende, este quer um cachorro-quente e não consegue se comunicar, briga com a mãe e a faz chorar pela falta de comunicação, esta se sente impotente diante do filho.
Na primeira experiência escolar de Jonas, o garoto sentia-se vazio, via os movimentos labiais, mas de forma alguma compreendia o que lhe repetiam, não havia sentido. No entanto, quando Jonas passou a aprender Libras o professor surdo tentando ensiná-lo e nada chamava sua atenção. Já no momento em que viu novamente o carro de cachorro-quente ele percebeu que necessitava da comunicação e que a linguagem por sinais seria a forma dele se comunicar com o mundo.
Libras permitiu que Jonas conceituasse o mundo e, por conseguinte, assim o compreendesse e interagisse. Com o filme conseguimos perceber, nitidamente, o valor da língua de sinais para as crianças surdas, tanto para a aquisição de uma língua compatível com as necessidades de comunicação, como para o desenvolvimento de habilidades destas crianças.

domingo, 4 de outubro de 2009

Práticas de Leitura, Escrita e Oralidade no Contexto Social

Ao construir narrativas, a criança brinca com a realidade e encontra um jeito próprio de lidar com ela, assim também a criança traz suas vivências em sua criação, remetendo-se a uma experiência própria, para a qual cria o personagem. As situações vivenciadas pela criança se misturam com sua imaginação, pois traz elementos de sua realidade junto a elementos das histórias ouvidas.
As crianças em fase inicial da alfabetização, que ainda não leem, percebo que incorporam ideias para tornar as suas histórias interessantes. Além disso, o acesso aos livros, textos, histórias contadas tem um papel importante no seu amadurecimento afetivo, garantindo que ampliem seu universo de experiências para além do que podem observar no seu cotidiano. Conforme o autor Gurgel:

“A distinção entre ficção e realidade ainda está em desenvolvimento nos anos da Educação Infantil - um aspecto que sempre deve ser considerado nas conversas com os pequenos. Isso se relaciona com uma das características mais vivas do pensamento da criança: o sincretismo, ou seja, a liberdade de associar elementos da realidade segundo critérios pessoais, pautados principalmente por afetividade, observação e imaginação.”
A criança assume o papel de narrador, nessa flexibilidade de fronteiras entre experiência pessoal e a situação imaginada em que é saudável que misture realidade e ficção para mais tarde separá-las. É como Gurgel coloca:

"Adquirir a fala, por sua vez, é um passo transformador em termos cognitivos, uma vez que é a linguagem que organiza o pensamento. "O pensar não se estrutura internamente, mas no momento da fala". "A narrativa (primeira estrutura da oralidade com que a criança tem contato em seu cotidiano) é, portanto, o que modela e estimula a atividade mental."

É no “fazer-de-conta que lê” e no “fazer-de-conta que escreve”, nestes jogos as crianças vão dando sentido, nas diferentes instituições sociais (família, pré-escola, escola, etc.), que consignam ao sujeito diferentes papéis e possibilidades: o daquele que pode ler e escrever ou fazer de conta que lê e escreve e o daquele que não o pode porque não o sabe. É na presença ou na ausência do brincar de ler para a criança (jogos de contar), no brincar de ler com a criança, no brincar de desenhar e escrever (jogos de faz-de-conta) que se reencontra o sentido social da escrita daquela subcultura letrada.
Assim vejo presente o letramento, pois a criança não está alfabetizada mas já faz uma leitura de mundo, traz consigo o pen­samento mágico. A fala antecede ou tem prece­dência sobre a escrita. Nessa relação de desenvolvimento da linguagem há a presença do letramento. Posso concluir que o letramento e a alfabetização são dois processos complexos que vão se concretizando a medida que fazem sentido para o aluno.

Escola tradicional X Escola nova

Por incrível que pareça, estamos no ano 2009, passaram-se setenta e sete anos do início do movimento educacional Escola Nova , no entanto ainda vemos a imagem da Classe A, retratada na imagem acima, em salas de aula, quando sabemos que a aprendizagem é fundamental ao desenvolvimento dos processos internos na interação com outras pessoas.
O movimento da Escola Nova uniu educadores de vários pontos da Europa e da América do Norte e, aos poucos, foi-se estendendo para muitos países de outros continentes.
Apesar de educadores contemporâneos serem agrupados como uma totalidade, é evidente que os caminhos percorridos por cada um deles, as avaliações realizadas e as propostas alternativas construídas eram singulares e diferenciadas.
Alguns pontos comuns do movimento:
• A crítica à escola tradicional – aos conteúdos preestabelecidos, hierarquizados e dissociados da realidade dos alunos e aos seus métodos de ensino ultrapassados;
• A construção de uma concepção de criança e de aprendizagem distinta da tradicional;
• A crítica ao trabalho escolar que era feito para a escola e não para a aprendizagem e formação da criança;
• A organização de experiências pedagógicas alternativas;
• A luta pela inserção nos sistemas educacionais destas novas práticas;
• A elaboração de materiais de ensino concretos e diversificados;
• As sugestões para a reorganização de espaço da sala de aula e dos tempos de trabalho escolar;
• A proposição de novas formas de organização do ensino;
• A profissionalização da tarefa educativa com a organização dos educadores em sindicatos e associações docentes;
• A crítica a uma escola que tinha as lições como centro da rotina escolar;
• A utilização do método científico na escola (observação, hipótese, verificação, conclusões ou lei geral).
Os fundadores da Escola Nova como Ovide Decroly, Maria Montessori, John Dewey, Célestin Freinet e outros, fizeram uma profunda crítica à escola tradicional, problematizaram o papel do educador, do educando, da organização do trabalho pedagógico e construíram um compromisso com a transformação da escola. Os escolanovistas procuraram criar formas de organização do ensino que tivessem as seguintes características: a globalização, o interesse imediato do aluno, a participação dos alunos e da comunidade, uma reorganização da didática e do espaço da sala de aula. Nestas experiências vamos encontrar vários tipos de caminhos como: as unidades didáticas, os centros de interesse e os projetos.

Metodologias X EJA

A metodologia a ser usada na Educação de Jovens e Adultos, ao meu ver necessita de constantes reflexões, bem como não devemos nos ater a uma metodologia que não esteja efetivamente trazendo resultados esperados.
Por exemplo, usando o método analítico, o aluno é incentivado a decompor uma palavra em sílabas e, depois de isolar cada sílaba, construir sua família: se ele concebe a sílaba como uma só letra, fica difícil perceber a lógica da proposição. Não queremos dizer que o aluno não venha a perceber como isso se dá, mas a forma de trabalhar tira a possibilidade do aluno usar suas hipóteses, tendo que seguir outro caminho.
Isto reforça uma tese do fracasso da alfabetização. Aqueles que de um modo ou de outro aprendem a ler, podem ter se encontrado com uma conduta metodológica compatível com seu estágio de concepção sobre a escrita. Aí estaria uma questão de profundo significado: não é o método que se elege que promove a alfabetização, mas é todo um conjunto de conhecimentos e a postura intelectual que adotamos com relação aos sujeitos e ao objeto da aprendizagem.

EJA X Alfabetização X Emília Ferreiro

Em função dos dados obtidos com crianças, Emília Ferreiro, interessou-se por investigar como os adultos não escolarizados concebiam a escrita. Partia do princípio de que se a compreensão do código escrito precede a entrada na escola, os adultos não escolarizados teriam também, como as crianças, algumas concepções sobre a escrita. Os resultados da investigação permitiram concluir que a aquisição da escrita é uma aquisição conceitual para crianças e adultos, construída pelo sujeito nas relações com o meio, do mesmo modo que se observa em outras áreas do conhecimento.
Os níveis estruturais da linguagem desenvolvidos por Emília Ferreiro e seus colaboradores
com os adultos mostra que os mesmos conhecem o nome de algumas letras e podem usá-las na interpretação de um texto, mostram que são conscientes de que a escrita é um sistema de representação baseado em representação sonora, isto é, o escrito representa o falado. Mostram
também saber que há uma relação entre o nome da letra e o valor sonoro que ela representa.

EJA X Alfabetização X Paulo Freire

A metodologia da alfabetização de adultos, normalmente levados por uma sistematização, a leitura mecânica do chamado Método Paulo Freire, educadores de adultos tem aceito o desafio simplista de escolhidas determinadas palavras ligadas à realidade do educando, desenvolver processos de discussão e/ou aprendizagem que impliquem simplesmente na decodificação de tais palavras e na sua silabação, visando à construção de novas palavras. Tais movimentos, além de se tornarem mecânicos (como se o processo de alfabetização fosse um caminho linear de incorporação de novas sílabas ao universo de aprendizagem do educando), acabam não considerando a experiência acumulada por este educando e suas hipóteses à respeito de como tal processo de escolarização se realiza.
Ao conceber o homem como ser de vocação ontológica para ser sujeito, como um ser de relações atuando na realidade, já se antecipa que, para Paulo Freire, o processo de aprendizagem é dinâmico e ativo. Quando aceitamos que o homem seja sujeito na compreensão do mundo, aceitamos que também o seja na construção do seu conhecimento sobre a escrita, uma parcela do conhecimento social.
Paulo Freire entende alfabetização como um ato de conhecimento, no qual "aprender a ler e escrever já não é, pois, memorizar sílabas, palavras ou frases, mas refletir criticamente sobre o próprio processo de ler e escrever e sobre o profundo significado da linguagem".
Vemos claramente como para ele aprendizagem da leitura e escrita se coloca como um processo. O trecho seguinte esclarece a relação do alfabetizando com o conhecimento e o papel do alfabetizador:

"... sempre vi a alfabetização de adultos como um ato político e um ato de conhecimento, por isso mesmo, como ato criador. Para mim, seria impossível engajarme num trabalho de memorização mecânica dos ba-be-bi-bo-bu, dos la-le-li-lo-lu. Daí que também não pudesse reduzir a alfabetização ao ensino puro da palavra, das sílabas ou das letras. Ensino em cujo processo o alfabetizador fosse 'enchendo' com suas palavras as cabeças supostamente 'vazias' dos
alfabetizandos. Pelo contrário, enquanto ato de conhecimento e ato criador, o processo da alfabetização tem, no alfabetizando, o seu sujeito. O fato de ele necessitar da ajuda do educador, como ocorre em qualquer relação pedagógica, não significa dever a ajuda do educador anular sua criatividade e a sua responsabilidade na construção de sua linguagem escrita e na leitura desta linguagem ."

A descoberta da estrutura silábica da palavra geradora, a composição das famílias silábicas e a criação de novas palavras, é absolutamente coerente com a colocação do alfabetizando como sujeito da construção do seu aprendizado. E mais ainda, ao escolher palavras de profundo significado para os sujeitos, estamos assegurando o envolvimento do educando com elas.

Gente grande também brinca...

Quem disse que adultos não gostam de brincar?
Os alunos da EJA são adultos trabalhadores, que chegam à escola cansados, saem do trabalho na corrida para ir até em casa tomar um banho e ir à escola, quando o conseguem fazer, pois em muitos casos os alunos iam direto do trabalho para a escola.
Enfim o cansaço é um limitante significativo, então como forma de estimular e desopilar realizávamos atividades recreativas, com as quais os alunos cansavam e riam muito, mas acabávamos com o cansaço mental, que em minha opinião é muito pior que o físico. Em seguida retornávamos à aula e trabalhávamos com mais prazer, sem contar que o relacionamento entre os alunos melhorou bastante.

EJA e Alfabetização

A Educação de Jovens e Adultos traz grandes e contínuos desafios, em que nós professores devemos sempre estar motivando o aluno para que não desista, procurando resgatar sua autoestima e buscar meios para a concretização da alfabetização.
Do ano de 1999 a 2002 trabalhei com Alfabetização da EJA, primeira e segunda séries do ensino fundamental, ou seja, quatro anos dedicados à alfabetização de jovens e adultos.
A formação da turma trazia a diversidade em si: alunos jovens, alunos de meia idade e alunos idosos. Nestas turmas convivi com alunos reintegrados a escola por determinação do juiz, em que vejo retratada a Inclusão social na função reparadora do PARECER CNE/CEB 11/2000.
Nesta caminhada “sai do mundo em que eu vivia” e conheci duras realidades, portanto o trabalho com a EJA, eu acredito que sempre será um desafio, mas é muito gratificante.