Gostaria de falar um pouco da minha experiência com a EJA, de 1997 à 2002.Neste período trabalhei com séries finais, por meio do Telecurso 2000 e também na Alfabetização, onde tive alunos jovens, alunos de meia idade e alunos idosos. Nestas turmas de Alfabetização estudavam dois jovens, reintegrados a escola por determinação do juiz, novamente via-se retratada a Inclusão social.Um por envolvimento em roubos, o outro por ter envolvimento em briga e tentativa de homicídio, bem como ambos eram usuários de drogas.O primeiro sempre muito quieto, introvertido, mas que me deixava assustada. Este concluiu a primeira e segunda série, mas no ano seguinte não voltou aos estudos. Algum tempo depois li no jornal que fora preso por estupro.O segundo era o oposto, falava muito, por sinal irritava os colegas. Certo dia um colega chamou-lhe a atenção e este ficou tão perturbado que começou a riscar fósforos na idéia absurda de atear fogo no colega dentro da sala de aula.Alguns dias depois trouxe uma carta que recebera da namorada, a qual me pediu que lesse, pois ainda não compreendia o que lia. Neste dia ele me contou muitas coisas em que estava envolvido, situações bem complicadas e disse que iria mudar-se para um município do interior. Dias depois não mais compareceu à escola.Já os idosos, que saudades, estes tinham o desejo de aprender a ler e escrever, assinar o nome, no entanto cheios de traumas e bloqueios.Nesta caminhada com a EJA, vivenciei as grandes dificuldades que os alunos trazem consigo nas séries iniciais, mas quando superam-nas, a aprendizagem passa a ser compreendida em sentido amplo, como parte essencial da vida. O trabalho com a EJA é muito gratificante.
Um comentário:
Oi Rosi, certamente essas reflexões e lembranças enriquecem as postagens anteriores. Fiquei curiosa para saber como costumavas organizar as aulas, quem sabe fica como sugestão relatares um exemplo de uma proposta pedagógica que tenhas considerado de sucesso com essas tuas turmas. Abração!!
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