Deixando de lado as honrosas exceções, a escola pública encontra-se hoje em petição de miséria, em quase todos os sentidos. Abordo três por acha-los mais importantes: a) O espaço físico está descuidado, não há dinheiro para manter os prédios, as salas e as áreas de circulação: parece que o poder público esqueceu que o espaço objetivo também tem função educativa. O professor dispõe de poucos recursos físicos (papel, retroprojetor, microscópio, computador, softwares, datashow, mapas, globos, laboratórios com instrumentos pertinentes, recursos para viagens, museus [Cf. o exemplar Museu Interativo de Ciência e Tecnologia da PUC/RS, em Porto Alegre], instrumentos musicais, matéria prima para produção artística, etc., etc.). b) O professor está desanimado, triste, e tem que enfrentar, frequentemente, situações-limite para as quais não está preparado: violência, doenças, psicoses, neuroses, heterogeneidade para além dos limites pedagogicamente suportáveis, além de ver condensado no seu salário um desprestígio social inominável. c) Os alunos revelam problemas crônicos que essa escola vem produzindo há décadas em termos de despreparo do seu quadro docente, de injusta distribuição de renda, desemprego, etc. a ponto de sua juventude, sua capacidade criativa, suas possibilidades cognitivas e afetivas não serem vistas e aproveitadas pela escola como era de se esperar. Tanto com os professores quanto com os alunos acontece coisa parecida: o negativo cresceu tanto que está se sobrepondo ao positivo.
Em educação não existe coisa mais importante que a formação do professor. Essa formação, para ser eficaz, precisa ser contínua. É essa percepção que começa a tomar vulto, há mais de 20 anos do Educação Permanente (lançado no Brasil em 1974), de Pierre Furter. Costumo dizer, e escrever, que o professor ensina porque aprende. A partir do momento que deixa de aprender perde a legitimidade para ensinar. Há um sensor que, embora inconsciente, sabe reconhecer e dar legitimidade ao professor que continua aprendendo. Esse sensor é o aluno. Por isso o processo pedagógico deve estar centrado na aprendizagem (não no aluno): aprendizagem de professores e alunos. Esse processo permanente de aprendizagem também precisa ser aprendido. Como se vê, não se trata apenas de prover momentos (seminários, congressos, oficinas, especializações, mestrados, doutorados, etc. de importância inegável) de formação dos professores, mas também o aprender a aprender cotidiano. Essa é uma habilidade das mais difíceis de ser aprendida. Por isso a direção de uma escola e especialmente sua equipe pedagógica deve primar pela qualidade profissional do seu trabalho. Todos nós sabemos a diferença entre um professor que não estuda, não lê, não se informa, daquele que está permanentemente conectado porque sabe que a ciência produz conhecimentos como jamais o fez e, sobretudo, sente, percebe e compreende o processo de conhecimento como algo prazeroso, que faz parte da dinâmica do seu viver, que dá sentido à sua vida, nas 24 horas do dia e não apenas nos períodos de aula.
Um comentário:
Oi Roseli, nessa postagem destacas alguns aspectos que consideras interessantes na reportagem que linkaste. Seria interessante que pudesse te posicionar frente à reportagem, comentando com o que concordas, discordas, o que percebes na tua escola... Abração, Sibicca
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